quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Baralho Incompleto

O homem que me ensinou a jogar morreu hoje. Em poucos minutos de agonia, ele ainda teve tempo de contemplar as dezessete palmeiras imperias que se erguiam imponentes em frente à janela do seu leito. O céu estava azul. O homem que me ensinou a jogar era pequeno, sereno, canelas finas e possuía mãos ágeis, capazes de confundir qualquer adversário que ousasse piscar os olhos em sua frente. Era detentor de uma sabedoria incrível e deixou para revelar seus últimos ensinamentos no apagar das luzes, um dia antes da cortina da vida se fechar sobre seus olhos, que já não enxergavam mais nada. Ele teve tempo de viver, de amar, de sorrir, de chorar, de aprender e ensinar. Assim o fez. Teve tempo de se despedir de quase todos aqueles que passaram com ele seus últimos momentos.
Hoje, 05 de Abril de 2011, o baralho da minha vida perde um coringa.

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